Objetos de Aprendizagem-Algumas reflexões
Conforme Fabre, Tamusiunas, Raupp e Tarouco (2003), objetos educacionais podem ser definidos como: qualquer recurso suplementar, que pode ser reusado para apoiar a aprendizagem e que são projetados e construídos em pequenos conjuntos com vistas a maximizar as situações de aprendizagem onde o recurso possa ser utilizado.
Entendemos então que os objetos educacionais ou objetos de aprendizagem podem ser excelentes alternativas para uma melhor organização dos conteúdos, com vistas a um aprendizado do aluno mais eficaz e significativo. Sendo assim, muitas escolas têm investido no desenvolvimento e aperfeiçoamento de objetos de aprendizagem, tendo em vista principalmente a utilização de aportes digitais.
Podemos ter acesso a objetos de aprendizagem diversificados através do Laboratório Didático Virtual da USP[1], onde são disponibilizadas simulações que poderão contribuir para o enriquecimento das aulas. Estas simulações são elaboradas a partir de roteiros de alunos do ensino médio de escolas da rede pública. Dentre os vários objetos de aprendizagem disponíveis, destacamos a simulação “Chuvas Ácidas”, que tem como público alvo alunos do primeiro ano do ensino médio, considerando que os conteúdos apresentados têm relação direta com os conceitos de química geral trabalhados neste nível do ensino. Haja vista que a simulação pode também ser trabalhada em outros anos do ensino médio, considerando certamente a avaliação diagnóstica que poderá indicar o domínio dos alunos naquele assunto específico.
Algumas áreas do conhecimento, como a química, trata de conceitos, muitas vezes, muito abstratos e algumas simulações necessitam de experimentos muito complexos. Dessa forma, o uso de uma simulação virtual, pode contribuir para a contextualização e maior clareza do tema a ser trabalhado em sala de aula. Além da possibilidade de visualizar determinado experimento científico, o aluno tem também, no caso do objetivo selecionado, a possibilidade de interagir com o conteúdo, testando seu conhecimento sobre o assunto.
Mesmo dentro do contexto da história apresentada, percebemos o viés construtivista, pois os alunos são incentivados a refletir e buscar a resposta, onde o professor assume de fato o papel de “animador das inteligências coletivas”, dentro de um processo constante de mediação da aprendizagem. Além disso, percebe-se também a importância da construção colaborativa, pois os alunos ao final da atividade, são incentivados a refletir sobre os conceitos e discutir com os colegas a respeito.
Dessa forma, podemos inferir que não basta apenas utilizarmos de recursos midiáticos que melhor exemplifiquem um determinado conceito, se formos apenas transferir para o virtual, os pressupostos do ensino tradicional. Como educadores, temos a preocupação de acompanhar a evolução dos recursos didáticos, porém muitas vezes, não paramos para refletir que determinado aparato tecnológico não muda nossa forma de ensinar, apenas “enfeitam” ou como diriam antigamente, apenas “douram a pílula”.
Sendo assim, é preciso que antes de optar por quaisquer recursos, sejam eles virtuais ou não, que reflitamos a respeito do público que vamos trabalhar, da disponibilidade dos recursos em todos os momentos necessários, o custo X benefício das nossas escolhas, a nossa real habilidade para lidar com àquele recurso escolhido e também a capacidade do aluno de aprender de forma mais significativa.
Enfim, não se trata apenas de fantasiar nossas salas de aula de “salas inforricas”, se não tivermos clareza quanto às possibilidades (e dificuldades) didáticas oferecidas por qualquer que seja o recurso didático.
Referências bibliográficas
AZEVEDO, Wilson. Comunidades virtuais precisam de animadores da inteligência coletiva. 2001. Disponível em: http://www.aquifolium.com.br. Acesso em: 03 nov. 2007. Entrevista concedida ao portal da Universidade Virtual Brasileira.
FABRE, Marie-Christine J M; TAMUSIUNAS, Fabrício Raupp; TAROUCO, Liane. Reusabilidade de objetos educacionais. RENOTE: Revista Novas Tecnologias da Educação, v. 1, n. 1, fev., 2003. Disponível em: Acesso em: 03 nov. 2007.
LÉVY, Pierre. Cibercultura. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1999. p.157-176.
SILVA, M. Sala de aula interativa: a educação presencial e a distância em sintonia com a era digital e dom a cidadania. 2003. Disponível em:Acesso em: 03 de nov. 2007.
SORJ, Bernardo. As dimensões da exclusão digital. In: ___.Brasil@povo.com:a luta contra a desigualdade. Rio de Janeiro: Ed. Zahar, 2003. p. 59-75.
Universidade de São Paulo. Laboratório Didático Virtual da Escola do Futuro da USP. Disponível em < www.labvirtq.futuro.usp.br> Acesso em: 03 de nov. 2007.